"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Curitiba Set14

Mesmo tendo sido um passeio curto, até Curitiba, 450km, não posso deixar de registrar pois teve a participação de bons amigos.

O motivo foi trabalho, tive um evento na quinta que foi das 8h30 as 19h, então por que não ir de moto né... decidi sair já na quarta a tarde e aproveitar para ver os amigos curitibanos.

Subida da Serra do Mar


Fui direto para o Motodax encontrar o pessoal. Bom papo, bom hamburguer, coca-cola.


Para quem não conhece vale a visita, o lugar é bem temático, tem uma oficina de customização com muitas raridades, legal demais.


Na quinta depois do evento fui caminhando até o Bar do Alemão. Curitiba é muito linda mesmo, transpira cultura em seus prédios, bares, eventos.





 Grupos de estudantes reunidos ouvindo música e vendo fotos.

Eisbein e chopp negro

Bar do Alemão é bom, mas fica só no bom. O local é agradável, mas caro pra caramba e a qualidade deixa desejar. O Eisbein é defumado, frio, me pareceu até pelo tempo que me trouxeram, rápido demais, que é requentado.

Agora uma crítica pesada a Curitiba: de manhã antes do evento umas 7h30 fui andar na praça em frente ao hotel, vi vários grupos de crianças (12 a 16 anos) fumando um cigarro enrolado em papel... que p$&%# era aquilo? não tinha cheiro de maconha, mas era bem estranho pra aquelas idades. Nenhum policiamento na rua. Depois a noite quando fui ao bar já escuro, novos grupos suspeitos, muitos mendigos e novamente nenhum policiamento. Triste! Queria ter andado e aproveitado mais a região que é linda, mas não me senti seguro.


Sai com bastante chuva na sexta de manhã, uns 15 graus, até a represa de Vossoroca onde começou a parar de chover. Cheguei em Blumenau com tempo nublado mas seco.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Marechal Cândido Rondon - Brazil Riders


Certamente todo esforço é sempre bem recompensado!
Destroçado aqui na cama depois de um domingo totalmente inusitado fico pensando em quanta coisa boa o motociclismo me traz.

Essa foto ficou show, reparem nos detalhes

Só quatro dias e tanta coisa... Começou na quinta as 15h quando saímos de Blumenau, eu e o André Bnu, rumo a Campo Largo para se encontrar com o casal Roberto Tadeu e Sueli, para juntos seguirmos na sexta para o Encontro do Brazil Rider's em Marechal Cândido Rondon no oeste do PR.


1850km de PR e SC

São Pedro estava bipolar nessa quinta, pegamos sol, calor, frio, chuviscos, chuva. Chegamos no Hotel Manayara (simples, limpinho, bom chuveiro, barato e localizado próximo a rodovia. R$ 130,00 quarto duplo) onde o Roberto já nos esperava. Banho tomado, fomos jantar na Churrascaria Laçador que fica a poucos metros do hotel, muito boa, comi demais.

Na sexta saímos as 7h logo depois de tomar o café, já não chovia, mas estava bem friozinho. Maior parte do percurso é em altitude moderada, perto dos 900m. Transito tranquilo tocamos pelas boas estradas pedagiadas do PR, mas bem caras, até MCR foi 30,00 por moto. Perto de Cascavel esquentou muito, chegamos com mais de 30 graus.


As largas ruas da cidade planejada de MCR

Ficamos no Hotel Bender, bem localizado. Bem simples, limpo, cama boa, chuveiro bom, com café da manhã R$ 45,00 a diária no quarto simples sem ar e sem frigobar.
Novo banho e fomos ao local do evento Brazil Riders.

O Brazil Rider's é um grupo focado no “motociclismo de viagem” que tem como objetivo principal: “possibilitar ajuda mútua aos motociclistas em viagem pelo Brasil e Exterior, através dos seus integrantes cadastrados”, uma rede de apoio. E é claro que assim nascem amizades, encontros, passeios etc.

Motociclistas campistas

Charmoso salão do Evento BR

A organização do evento foi excelente, um dos melhores encontros de grupos que já participei. O local escolhido foi a sede da associação de uma empresa da cidade, local amplo com gramado, campo de futebol, áreas cobertas e um grande galpão onde tinham as mesas e palco. Muitos montaram barracas no local, outro foram com pequenos trailers.

Os colonizadores de MCR em sua grande maioria eram de descendência alemã, vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para trabalharem na exploração de madeira, isso em sua segunda colonização, pois primeiramente a região foi habitada por espanhóis e ingleses, devido ao grande interesse pela exploração da erva-mate e madeira, mas não prosperou na época da Coluna Prestes.

André, Roberto, Sueli e eu

Ainda na sexta a noite foi servido um jantar típico alemão, Eisbein com chucrute, batata etc. Cerveja, cachaças, tudo muito bem disposto no ornamentado salão. Claro que sempre ao som de músicas, muito bom o conjunto. Fomos a pé e voltamos de taxi, nada de moto com bebida alcoólica né.

Eisbein

Final do dia chegou de caminhão um convidado especial muito esperado por mim: o boi! Não perdi a oportunidade e além de tirar muitas fotos ajudei a descarregar e colocar no monstro no fornão. 250 kg de carne, mais 70kg de tempero injetado na seringa, de preferência com ele ainda quente pra circular melhor. Forno de ferro (mas pode ser de tijolos) com apenas 4 entradas pequenas onde na parte exterior se coloca carvão. A temperatura interna varia perto dos 110 graus e fica assim por cerca de 15 horas.

Descarregando o boi


O forno, genial

Agora sim, pronto !

Sábado pela manhã André precisou retornar a Blumenau, fiquei com os amigos por lá. Fomos de manhã fazer um desfile pela cidade, cerca de 100 motos pelo centro, em direção ao Centro de Eventos Werner Wanderer (local onde é realizada a Oktoberfest da cidade). 

Almoço foi o tão esperado boi no rolete, incrível como fica tenra a carne, independente do pedaço, seja músculo, costela, coxão, tudo bem macio e saboroso. Não preciso dizer que comi demais de novo. Dá série: não como pra viver, VIVO pra COMER !


Foto do amigo Lucas Grando


Roberto não pode ver um caneco

Centro de Eventos Werner Wanderer

Depois aquela lombeira, fomos dar uma descansada no hotel, fmos de taxi de novo, mas dessa vez com direito a "causo". O tiozinho, por si só já era uma caricatura, quando começou a falar com o sotaque "meio alemon" carregado aí mesmo que ficou mais engraçado. Contou que uma vez pegou carona com um amigo numa motinho purga, erraram a curva e Jesus ponhô nóis nu monte de téra, era téra até por baxo das capa do zóio, nris, oreia e não foi téra lá no cú porque tava de zorba, depois de uma semana caguei um tijolinho de téra! Hahahahaha bom demais

Chegando, aproveitei pra ver os jogos de tênis da semifinal do US Open, Federer e Djokovic perderam... faz parte. De noite foi servido um café colonial com linguiça, cuca, mousses e muitas coisas boas. Depois mais duas surpresas, o comediante Willmutt e fomos brindados com um conjunto de Viola Caipira.

Orquestra de Viola Caipira

Angela, a anfitriã 

Começou a relampejar e alguns pequenos pingos, como não bebi fui de moto, vendo que o caldo iria engrossar, me despedi dos amigos o evento e fui pro hotel. Coloquei o pé no estacionamento começou a engrossar e choveu forte a noite toda. A previsão era chuva na região pela manhã toda, mas...
Combinamos, eu e Roberto de tomarmos café na estrada e sair do hotel as 6h. Eu iria com eles até perto de Cascavel e entraria para fazer um percurso pelo interior do PR e eles tocaram pra Peruíbe. 5h30 ainda chovia e fortinho. Arrumamos as motos e quando terminamos a chuva terminou também, sem água no resto da viagem!

Madrugada de MCR

Portal de MCR

Aqui começa o relato do inusitado.

Pouco antes de Cascavel entrei para seguir meu caminho, minha ideia era costurar o Rio Iguaçu passando por várias represas e cidades, depois entrando em SC e continuando pelo nordeste catarinense. Quase deu certo hehe

Café da manhã


Altiplanos paranaenses

Parceiro de parada

Me distraí e passei 18km da entrada da PR-484 depois de Capitão Leonidas Marques, olhando o GPS vi uma estrada de terra chamada Estrada Limoeiro, coisa de 12km, resolvi arriscar, já imaginando que poderia ter espinhos nesse limoeiro. Choveu a noite toda, a moto está com o pneu original Anakee3, eu sozinho, sei lá, acho que foi irresponsabilidade, mas fui.




Primeiro terra vermelha, seca, plano, aberto, imaginei então que poderia estar toda assim, depois veio um calçamento daqueles bem antigos com pequenas pedras, bem bom, tranquilo de fazer. Aí chegou a primeira encrenca, um trecho de 50m de lama, mas uma rabeada aqui e outra ali e passei, já percebi que esse pneu não gosta de lama, nada nada. Segui mais um pouco e tinha um armazém onde um senhor e um rapaz com uma moto de trilha (pneus com cravos) conversavam, parei e  perguntei como era a estrada pra frente. O guri disse que estava complicado pois tinham jogado terra faz pouco tempo, o senhor disse que depois de uma ponte teria um pedacinho ruim e depois melhorava pois já estava batido pelos caminhões. Ali tive que pensar, difícil... voltar tudo ou encarar sozinho o desconhecido... moto nova, nunca tinha pego trecho grande de terra com ela. Atravessei a ponte e vi o primeiro grande atoleiro. A moto afundou uns 10cm, botei os pés no chão e afundou junto, ferrou. Fui indo muito devagar, a moto vinha praticamente de lado, minha preocupação era cair e certamente não conseguiria levantar a monstra sozinho e escorregando. assim foram uns 50m, desesperador. Passei, ufá! Dois cachorros vieram me saudar, com as patas cheias de lama no meu colo hahaha

10cm de lama

Outros parceiros, pena que eu não estava muito pra brincadeiras

capa de lama

Segui em frente, os dois pés no chão e a 10km/h vendo a moto rabear o tempo todo. Parei duas vezes pra tirar o excesso de lama que entrou por tudo, grossa, pesada, dura. Meu medo era travar a roda pela quantidade.

Rio Iguaçu e barragem Salto Caxias

Peguei mais uns três trechos bem pesados e o restante mais tranquilo, mas igualmente escorregadio. No segundo eu já estava pensando em desistir, chamar um guincho, sei lá... não, não ia fazer isso. Pra que eu fiz aquele curso de off-road com o Vantuir Boppré, Edson Mesadri e Jackson Feuback, pra desistir aqui faltando uns 5km? Não, vou em frente, nem que demore 3h... 12km, 1h, média de 11km/h, 03 litros de suor, 5 kg de tijolo enroscado na moto.

A frente asfalto, atrás a conquista

Salto Caxias

Quando faltava uns 500m pra terminar a terra vi as margens do Rio Iguaçu e a barragem de Salto Caxias, aí lembrei do ditado que todo esforço é sempre bem recompensado, quebrado, enlameado e feliz!

A moto foi fantástica, apesar do Anakee3 não ser pneu apropriado pra isso, liguei o modo Enduro no computador e ela se ajustou perfeitamente, suspensão, ABS e controle de tração. Chama atenção o centro de gravidade baixíssimo pois mesmo quando a moto inclinou muito consegui trazer de volta no braço, não teria conseguido se fosse a 800GS.

Tijolos


A estrada passa por cima da barragem e usina, muito lindo, estrada perfeita, curvas, bom asfalto, eu estava pilotando devagar e preocupado pois tinha lama demais grudado em toda a suspensão, pinças de freio e tudo o mais.

Quando cheguei no entroncamento da PR-592 com a PR-484 vi quatro motociclistas abanando me chamando, quando cheguei, pra minha surpresa era o Edson Mesadri e outros amigos, perdido hauhauauhau Me pediram pra traçar no GPS um caminho, que em lembro qual era e tocaram pela estada do Salto Caxias.

Mesadri e amigos

Segui até Cap. Leonidas Marques e parei em um posto onde passei um jato de caminhão na moto, e mesmo assim os malditos tijolos não desgrudavam, aquilo gruda que nem argamassa, incrível. Me lembrou um passeio que fiz em SC pra Rio Negrinho com o André Bnu.

Fato interessante foi que depois da lavação no asfalto senti a moto vibrar demais, instável e tremendo, logo imaginei que poderia ser barro grudado nos aros que estavam desbalanceando a roda. Parei e realmente tinham ainda alguns tijolos grudados, suficiente para causar o problema. Limpei tudo e segui com ela perfeita como deveria ser.


Continuei por asfalto passando pelo Salto Osório, também a rodovia passa por cima da barragem, depois pelo Salto Santiago. Ali teve mais um trecho off, com direito a Caixa de Brita. A pista estava interditada pra obra, tinha um desvio de mais 10km de terra, tremi hehe Falei com o cara e ele disse que como era domingo e não tinha máquinas eu poderia passar de carro, mandei ver, antes brita do que lama...

Salto Osório

Salto Osório



Alagado do Salto de Santiago

Alagado do Salto de Santiago

Entrei em direção a Foz do Jordão, sentido Pinhão, mas no meio tem uma reserva indígena com 30km de terra, desisti. Voltei e peguei a BR-277 até o pedágio antes de Campo Largo, dali resolvi descer pra SC  pela PR-427 sentido Lapa PR. Apesar de estar começando a escurecer aproveitei muito esse trecho, pista nova, perfeita, lindas paisagens, pôr do sol.


Por do Sol perto de Lapa PR

Cheguei na bela Lapa pelas 18h, e procurei um hotel, me indicaram uma pousada bem no centro histórico, a Pousada Tropeira. Linda por fora e no salão de entrada, um prédio restaurado e ampliado de 1888 que pertenceu ao presidente da Província do Paraná. Preço muito bom, R$ 85,00 com café da manhã e estacionamento fechado pra moto. O banheiro que achei simples demais, surradinho, com chuveiro elétrico pelo menos forte e com muita água.

Pousada Tropeira

Lapa, parada de tropeiros do caminho do Viamão que ligava no Rio Grande do Sul a Sorocaba, em São Paulo. A Lapa era um ponto estratégico para o descanso dos homens e animais, pois além de ficar no meio da viagem era o início dos Campos Gerais. População de 40mil habitantes e um belo patrimônio histórico.

Saí pra jantar e parei em um boteco que me chamou atenção pelos cavalos "estacionados" na frente, Bar do Rubens, comida tropeira. Boa escolha, simples de tudo mas com comida caseira e muito gostosa. Conheci o tal de Pirogue, pastel salgado recheado de massa de batata com ricota, típico polonês.

Bar do Rubens, Lapa PR

Depois de falar com a Mi e matar um pouco da grande saudades, dormi cedo nesse dia.

Lapa PR

Lapa PR

Lapa PR

Lapa PR

Lapa PR

Raras araucárias

Cuidado, ponte estreita

Villa Anna 1884 - Campo do Tenente



Serras catarinenses

Segunda peguei rumo de casa logo pelas 6h30, algumas fotos de Lapa, Campo do Tenente, Rio Negro e entrei em SC por Mafra. São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Pomerode e Blumenau, antes do meio dia pra almoçar com a família.

Casa