"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

domingo, 29 de maio de 2016

Castro VMAS




Mais um encontro do VMAS - Viagem de Moto América do Sul ! Mas o bom é que acaba sendo sempre um encontro do BOG, do Soy Loco e de outros amigos de perto, de longe e de muito longe.
Esse mesmo foi show, pois todos estavam no mesmo local.


Feriado prolongado de Corpus Christ, saímos na quinta as 8h em 05 motos, todos desgarupados, nesse a Mi não pode ir. Ponto de encontro sempre no mesmo posto, abastecimentos, calibragens, bate papos, foto e estrada... legal, foram 05 GS1200 !

Adelar, eu, Rubem, José Márcio e André Bnu

Dia amanheceu meio nublado, friozinho de 14 graus, mas logo depois foi abrindo e ficou bem legal de rodar. Como de costume sempre tentando pegar uma estrada diferente (objetivo e percorrer todas as estradas asfaltadas de SC). Primeira parada em São Bento do Sul para um café. Rimos muito, a tia que atendia era mais grossa que dedo destroncado.


Subimos pela PR420 passado ao lado de Pien PR, depois pela PR419 Agudos do Sul e entrando da BR116. Fizemos uma parada no Parque Vilha Velha, mas só no pátio de entrada, onde ficam as churrasqueiras. Muito bonito o local, preciso em breve ir lá fazer a visita completa com a família toda.



Seguimos passando por Ponta Grossa e depois mais uns quilômetros e chegamos  na pousada em Castrolanda, uma colônia de Castro, bem ao lado do centro.
Ao chegar já estavam lá os amigos Carlos e Patri de Cotia SP, JR e Tó de Uberaba MG, Yamada e Antonieta do Rio de Janeiro, Glennan e Helena de Juiz de Fora MG e o Lelio e Delaide.

Tomando o vinho que estava guardado desde o VMAS de Urubici, da vinícola Francioni.
(VMAS Urubici)

Pelas 19h fomos visitar o pessoal no local de concentração do evento do VMAS, onde foi servido um jantar. Muito bate papo e reencontro com diversos amigos. Fomos e voltamos de Van, coxinhas sim, mas assim podemos beber a vontade.

Grandes (literalmente) amigos, Vantuir Boppre e Sandro Fadanelli

Na sexta depois do café da manhã fomos dar uma volta na cidade, primeiro paramos para fotos no moinho de Castrolanda, lindo demais. A colonia é de origem Holandesa e o moinho foi construído (2001) com a orientação de um especialista holandês. (www.moinhocastrolanda.com.br).

Carlos e Patri








Seguimos para o centro histórico da cidade de Castro, cidade fundada em 1778, caminhos dos tropeiros que subiam do RS até SP.





Uma agradável surpresa foi o encontro com o Leonardo e sua esposa. Me comentou que é leitor assíduo do blog e que já o ajudou bastante nos seus panejamentos. Obrigado Leonardo, é com prazer que faço o blog e com a intensão de contribuir com os amigos motociclistas.



Paramos no parque municipal conhecido como prainha, as margens do rio Iapó (que significa Rio que Alaga), esse rio é o que forma o Canyon Guartelá. Ao fundo a ponte férrea que foi inaugurada em 1899 com 144m e teve a estrutura de aço importada da Alemanha.




A majestade o Carcará !


Almoçamos no centro de Castro no restaurante Casantiga, buffet muito agradável em uma casa realmente antiga, histórica.
No retorno pro hotel paramos em um supermercado pra comprar vinhos para acompanhar o queijo mineiro que o JR trouxe e o salame da região que tinha na pousada.

Como de costume aproveitei para parar e fazer umas fotos na antiga estação de Castro (1899) que pertenceu a C.E.F São Paulo-Rio Grande (1900-1942), Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (1942-1975) e RFFSA (1975-1996). Está em restauração.




No retorno fizemos mais uma parada no centro de eventos para levar umas doações e depois voltamos a pousada.



Final da tarde fomos visitar o Moinho, agora fazendo a visita interna, o museu, a lojinha e depois no café. Ali tomei uma cerveja e comemos um aperitivo sensacional, Bitterballen, um croquete redondo de carne bem temperada, cremoso por dentro e crocante por fora. Ainda comi uma banoffe (torta de banana com leite condensado).


A noite como combinado juntamos todos para comer e beber... bom demais, muitas risadas.

JR, Tó, Yamada, Antonieta, Rubem, Helena, José Márcio, Glennan, Carlos, Patri, Delaide e Lelio e André Bnu.

Sábado de manhã metade da turma retornou. Ficou eu e o André e o Jr e a Tó. Fomos para o evento pelas 11h onde o amigo Vantuir Boppre deu uma pequena palestra sobre pilotagem off-road. Eu e André já fizemos esse curso completo (Curso off-road)



E como tudo sempre pode melhorar, chegaram outros grandes amigos, vindos de Curitiba o pessoal do BOG Sul e também o Bressan de DF.

Ruffatto, eu, Bressan, André e Renato Azevedo.

Eu, Gilmar, André, JR, Tó, Bambam, Vanessa, Ruffatto, Eliude, Ana e Renato, Bressan e Marco


Conseguimos para o pessoal quartos na mesma pousada que a nossa. Final da tarde fomos no restaurante do moinho novamente, mais banoffe só que com chocolate quente. A noite pedimos uma pizza, mais comida e risadas.


Domingo, hora de voltar. Chuva ! Depois de tomar o café da manhã com o pessoal, eu e o André pegamos a estrada. Novamente nova estrada, por São Mateus do Sul. Gostamos da estrada, apesar da chuva bem agradável. Alguns trechos pequenos com poucos buracos, mas no geral boa, lindas paisagens, sem movimento.



Opa, mais uma estação, Palmeira (1893) pertenceu a E.F.Paraná (1893-1942) e RVPSC (1942-1969).




Cheguei pelas 16h, sujo, com frio e feliz !!!


800km e duas novas estradas conhecidas


domingo, 1 de maio de 2016

EFSC


Obs.: A continuação das visitas dessa linha estão no post de julho/16 - EFSC de Blumenau a Itajaí (Clique aqui para ler)

Domingo de outono, frio e de céu azul, perfeito para um passeio.

No sábado a tarde, bem de última hora como é bom, uns amigos levantaram a ideia de fazer o outro tronco ferroviário de SC, a EFSC - Estrada de Ferro Santa Catarina.



01 - Itajaí (demolida)
02 - Engenheiro Vereza
03 - Ilhota
04 - Gaspar
05 - Figueira
06 - Capim Volta
07 - Blumenau (demolida)
08 - Blumenau Nova
09 - Itoupava Seca (galpão FURB)
10 - Salto Weissbach (demolida)
11 - Paso Manso (demolida)
12 - Encano (demolida)
13 - Indaial
14 - Warnow
15 - Ascurra (demolida)
16 - Apiúna (???)
17 - Morro Pelado (???)
18 - Subida (não localizada)
19 - Riachuelo (demolida)
20 - Lontras
21 - Matador
22 - Rio do Sul
23 - Barra do Trombudo
24 - Mosquito
25 - Trombudo (incêndio)
26 - São João


Abaixo um pequeno resumo da triste história ferroviária catarinense:

EFSC - Estrada de Ferro Santa Catarina

1904 - Alemães começam a construir uma ferrovia no Vale do Itajaí 1909 - Inaugurada a ferrovia entre Blumenau e Warnow (localidade entre Indaial e Ascurra). No mesmo ano, o trem chega a Ascurra, depois Ibirama 
1917 - Ferrovia passa a ser administrada pelo governo brasileiro 
1929 - Ferrovia chega a Lontras 
1930 - Início da construção do trecho Blumenau-Itajaí 
1932 - Ferrovia chega a Rio do Sul 
1937 - Ferrovia chega a Braço do Trombudo 
1951 - Inaugurada a Ponte dos Arcos em Blumenau. 
1954 - Inauguração da estação de Gaspar e trajeto Blumenau-Itajaí 
1958 - Inauguração da Litorina, vagões rápidos somente para passageiros Blumenau-Itajaí 
1971 - Última viagem em 13 de Março. Ferrovia desativada 

A Estrada de Ferro Santa Catarina foi aberta com capital alemão em 1909, ligando Blumenau a Hansa (Ibirama), com a intenção de se encontrar com a linha Itararé-Uruguai, então em construção, próximo a Limeira (Herval do Oeste). Pouco tempo depois, o Governo tomou a ferrovia. A partir daí, avançou lentamente, chegando em Rio do Sul apenas em 1933 e em Trombudo Central em 1958, jamais alcançando o entroncamento. Em 1954, prolongara sua linha até o litorial, em Itajaí, mas nem isso foi suficiente para revitalizar a ferrovia, extinta pela RFFSA, já sua proprietária desde 1957, no ano de 1971. Os trilhos foram arrancados logo depois, sob protestos da comunidade. (Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br/efsc/hansa.htm)

Li comentários de que essa linha foi construída com o único propósito de escoar a exploração de madeira, por parte de empresas Alemãs e Inglesas, pois eles já não tinham mais reservas em seus países e precisavam para caixaria de indústria. Informação a ser verificada.

6h30, 9 graus, arrumando a moto e esperando o céu clarear.



7h nos encontramos no posto para a saída, motos abastecidas.

João Adelar, eu, Mauricio, Rubem e Luiz Henrique

Primeira parada foi na casa da EFSC em frente a cervejaria Eisenbahn, ainda não descobri para que era usado aquele prédio. Tem a antiga estação de Blumenau que vou incluir a foto outro dia.


Seguindo o rio no Encano, bairro já divisa de Blumenau / Indaial tem as ruínas de uma ponte da ferrovia.



Próxima parada Estação Indaial (1909), reconstruída por volta de 1950, hoje é sede do Museu Ferroviário Silvestre Ernesto da Silva.


Seguimos em sentido ao bairro Warnow. No caminho tem uma casa de 1874, enxaimel, linda. Já falei dela em outro passeio (Relato sobre o Warnow).


Logo uns metros a frente fica a abandonada Estação Warnow (1909), também reconstruída por volta de 1940. Ali no terreno atrás tem uma residência, o senhor Alcides Zuchi veio conversar. Filho de um agente da ferrovia contou que quando era criança ajudava a roçar perto dos trilhos para deixar tudo organizado.




Saindo dali passamos por uma ponte de madeira coberta é tombada pelo Iphan, faz parte da história da região.


Após pegar um pequeno trecho da BR470, depois do centro de Apiúna, logo antes da ponte que atravessa o Rio Itajaí-Açu, tem a Estação Subida (1919). Esse some é por que a linha subia 219m em apenas 21km. Se tem ainda alguma edificação não encontramos. O que tem é a estrutura usada para o embarque do passeio turístico, a Maria Fumaça que vai até a Usina Salto Pilão, 2,8km a frente.




O trem ao sair da estação passa por uma belíssima ponte em arcos, fomos lá conferir.



Seguimos o mesmo caminho do trem, até a usina, ali tem uma ponte que atravessa novamente o rio e retorna para a BR, por onde seguimos até Lontras.


Em Lontras aproveitamos para tomar um café da manhã, já era perto das 10h. Pão queijo e presunto e café preto.


A Estação Lontras (1929) está toda restaurada, parece que hoje é a Biblioteca Municipal. Antigamente era chamada Estação Victor Konder.


Bem em frente tem uma casa que pelo tipo de arquitetura me parece ter feito parte do complexo da estação.


Chegando em Rio do Sul no bairro Bela Aliança tem umas construções bem antigas e lindas. Uma delas paramos para ver pois ela parecia ser algo da ferrovia, pois as portas ficavam a uma altura grande, como se tivesse alguma plataforma. Mas não.


Uma senhora que vinha pela calçada puxou assunto e assim começou uma longa conversa. Nilva Spiess é de família antiga dali, com vário imóveis nas cercanias e ainda morando ali. Contou que essa construção era uma grande loja de equipamentos agrícolas. Hoje é a marcenaria Proposta Verde, que também comprou o prédio da frente que era um "secos e molhados".


O proprietário João veio nos receber, apresentou os projetos e ideias. Sensacional! Além da parte de móveis e objetos de madeira (lareira portatil, lustres etc) eles tem um esquema de cursos de horta orgânica. Vale a pena ver o trabalho deles: propostaverde.blogspot.com.br


Uns metros a frente fica a Estação Matador (1933), que hoje é um museu ferroviário. Estava fechado, pois além de domingo ainda era dia do trabalho.


No centro de Rio do Sul fica, para mim, a mais bela das estações do trecho. A Estação Rio do Sul (1933), hoje usada como museu e arquivo histórico da cidade.




A próxima estação da rota foi a Estação Barra do Trombudo (1937), ma por uma falha minha passei reto e não paramos pra foto. O pessoal viu a edificação, só não paramos, então meio que valeu hehe mas vou retornar pra foto.

Estação Mosquito (1958), essa deu trabalho pra encontrar. O local que coloquei no GPS não estava exato, mas aí fomos perguntando e encontramos. Hoje é usada como residência.



Fome! Já era meio dia, e por experiência própria, é mais fácil encontrar estações abandonadas do que restaurante aberto de domingo pela região. Já tinha visitado essa região duas vezes, as duas acabei comendo um lanche em bar...
Fomos atrás de algum restaurante, não foi fácil, pegamos informação em um posto e nos indicaram o Restaurante Schaadinha, no caminho de Petrolândia, mas estava fechado e nem abrindo mais por enquanto. Mais outro bem chinfrin, e só depois seguindo outra indicação chegamos no Raízes do Bairro, rústico e com boa comida.

Ali conversando com os moradores ficamos sabendo que o trem foi uma única vez até a cidade, depois a ferrovia já foi desativada. Sem comentários...

A Estação São João (1964) está completamente abandonada, tomada pelo mato. Apenas três meses foi seu tempo de vida, pois uma enxurrada danificou os trilhos em alguns lugares e não mais arrumaram. Mas por que em três meses o trem só foi uma vez ? Mistério...





Retornamos pela BR470, trânsito, motoristas mal educados, domingueiros de estrada, tudo de tenso. Em Indaial pegamos a ponte pênsil que chega ao Warnow e dali retornar por dentro, que apesar de truncado pelo movimento e pelos inúmeros radares, ainda é melhor do que a BR.

(foto google street view)

Por mais que eu tenha feito a lição de casa pesquisando na internet, google maps, google earth etc, quando vou fazer o relato sempre aparacem outros pontos que deveriam ser visitados. Motivo pra voltar e completar. Alguns pontos que faltaram da EFSC: Armazém da estação Rio do Sul, estação de Blumenau, estação de Apiúna, foto da estação barra do trombudo (passamos na frente não paramos pra foto).
Ficou também faltando o trecho de Blumenau até Itajaí que completarei aqui em breve !

Não deixe de ver o relato sobre a RVPSC - Rede Viação Paraná Santa Catarina - Clique Aqui e
a continuação das visitas pela EFSC Clique Aqui